Os pais de Dada

Os pais de Dada

terça-feira, 5 de julho de 2011

Andersen sem Plavras

Acompanhem diretamente do site a critica de Dib Carneiro Neto
http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI242233-18455,00.html
Daniela Toviansky Dib Carneiro Neto, 50, é jornalista, dramaturgo (Prêmio Shell 2008 por Salmo 91), crítico de teatro infantil e autor do livro Pecinha É a Vovozinha(DBA), entre outros. Fale com ocolunista

Regina Pessoa: Luzes e sombras em tributo a Andersen - crítica do...


Dib Carneiro Neto

...: "A temporada se encerrou no último domingo. Agora é torcer para que o Grupo Caleidoscópio vá logo para outro teatro! Em Andersen sem Palavras..."

   Divulgação
Uma experiência sensorial radical. Assim é Andersen sem Palavras, espetáculo que fica só mais dois fins de semana em cartaz na Lapa, em São Paulo, no recém-reformadoTeatro Cacilda Becker. Pode ser que seus filhos peçam para ir embora nos primeiros 15 minutos, pode ser que fiquem perguntando coisas o tempo todo, que fiquem inquietos na poltrona. No fim de semana passado, ouvi um filho indagando na fileira atrás da minha: “Mãe, mas isso é que é teatro?” E a mãe, inabalável: “É teatro de sombras, preste atenção.” Mas também pode ser que seu filho realmente preste atenção ao espetáculo, vidrado pelo jogo narrativo que ele mesmo deverá formar na imaginação, sem o auxílio de palavras. Por outro lado, felizmente também vi na sessão de sábado passado muitas crianças de olho grudado no palco, completamente antenadas com a proposta da montagem.


Portanto, arrisque. O cenário é justamente uma estrutura de projeção, com uma tela de 1,40 metro de largura por um metro de altura, segundo nos informa o material de divulgação. As figuras foram feitas em papel, couro e acetato, por Valter Valverde, a partir de desenhos de Regina Pessoa. A música, de André Abujamra e Du Moreira, está presente o tempo todo, funcionando ela própria como uma espécie de condutora da narrativa, pontuando, alertando, assustando, surpreendendo. Foi composta especialmente para este espetáculo, o que significa um capricho especial da produção.
Andersen sem Palavras é uma ousadia do Grupo Caleidoscópio, que existe desde 2004, sempre pesquisando formas de teatro de animação. É uma das trupes derivadas da Cooperativa Paulista de Teatro. Desta vez, os manipuladores são quatro: os atores Cássia Carvalho, Lenita Ponce, Valter Valverde e Cristina Rasec. Eles nos oferecem cinco contos do genial dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875): os conhecidíssimosO Patinho Feio e Soldadinho de Chumbo, o divertido e intrigante Os Namorados, o tristíssimo A Menina dos Fósforos e o movimentado O Sapo.
Temas como solidão, medo, morte, sofrimento, dor, pobreza, exclusão e preconceito desfilam diante de nossos olhos de forma a provocar nossos sentidos e cutucar nosso imaginário. São temas caros a Andersen e muito comuns nos contos de fadas, de uma maneira geral, o que facilita muito a comunicação do espetáculo com a plateia. Os que não embarcam desde o começo são aqueles que já se distanciaram desse universo onírico e fantasioso das fábulas infantis universais, seja porque cresceram de forma bruta, abandonando a criança que sempre somos ou deveríamos continuar sendo, seja porque os efeitos do mundo tecnológico já atuaram de forma devastadora sobre suas capacidades de fruição lenta e gradual de um espetáculo – sem pressa, sem ansiedades. Nesse sentido, vale a pena levar seus filhos e observar em qual dessas duas categorias da geração atual eles se acomodam: os que ainda se encantam com o simples ou os que já precisam de muita parafernália para conseguirem se fixar num espetáculo.
O diretor e idealizador de Andersen sem Palavras, João Bresser, nos explica suas intenções: “A ideia de utilizar o teatro de sombras para expressar o universo de Andersen surgiu pela riqueza de imagens e figuras contidas em seus contos, que parecem estar mergulhados em um mar de sonhos, a sensação de um sonho dentro de outro sonho. Para obter essa representação, nada melhor que essa técnica, que possibilita entradas e saídas de figuras simultâneas, sobreposição de imagens, alteração da dimensão e nitidez, deslocamentos surreais, mudanças de cores, luzes e, claro, as sombras.” Quer ver um trecho da peça antes de ir ao teatro?